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Foto: Divulgação

A Universidade do Estado do Amazonas (UEA acaba de formar 34 professores indígenas no curso Pedagogia Intercultural, na região do Vale do Javari. A UEA é a primeira instituição do país a oferecer esse tipo de formação. A outorga de grau aconteceu na semana passada, no município de Atalaia do Norte (distante 1.136 quilômetros de Manaus em linha reta).
Os formandos pertencem às etnias Marubo, Matis, Matses e Kanamari, espalhadas pela terra indígena do Vale do Javari, localizada na região da tríplice fronteira – Brasil, Peru e Colômbia –, onde vive o maior número de grupos indígenas em situação de isolamento voluntário do mundo.

Guerreiros da academia

Pedagogos e formandos não escondiam a sua felicidade e expectativas. O formando Walmir Marubo, da etnia Marubo, que concluiu a graduação em Pedagogia, aos 42 anos de idade, disse que foi “um grande desafio” vencer as distâncias para concluir o curso. Walmir, que iniciou a carreira na área há 18 anos, vem da Comunidade Liberdade, um local distante de Atalaia do Norte, onde dá aulas para crianças e adolescentes. “É um trajeto longo e complicado até Atalaia do Norte. Somos guerreiros por termos enfrentado todas as dificuldades e adquirido este conhecimento importante para ajudarmos nosso povo”, comentou.

Valorização

Da etnia Kanamari, José Ninha Tavares, 49, explica que a vontade de ser professor surgiu da necessidade que seu povo tem na área da educação. Segundo ele, os conhecimentos não-indígenas são totalmente diferentes da realidade das comunidades, o que acaba dificultando o aprendizado. “Precisamos valorizar e fortalecer o que é nosso, pois o aluno precisa entender, primeiramente, o seu próprio mundo para, depois, descobrir novos conhecimentos. Por isso, é importante assumirmos o papel de educador”, pontuou.

 

Solenidade

A solenidade de entrega dos diplomas contou com a presença da vice-reitora da UEA, Kátia Couceiro, representando o reitor, André Zogahib, e do pró-reitor de Ensino de Graduação, Raimundo Barradas. “Hoje é dia de festa. Não me recordo, ao longo de meus anos como professora na UEA, de um momento tão especial e emocionante como esse”, emocionou-se.

Sem evasão

O curso Pedagogia Intercultural Indígena, ofertado por meio do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) e vinculado à Escola Normal Superior da UEA, teve como coordenadora a professora Célia Bettiol, que se empenhou para evitar a evasão. “Não houve desistência. O curso começou com 35 alunos e terminou com 34 formandos. Infelizmente, perdemos um durante a pandemia da Covid-19”, contou a professora Célia.

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Rodrigo Rivera