Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.
Aeronave do Ibama sobrevoa área de garimpo identificada na Terra Indígena Kayapó, Pará

 

Por redação RBA

As gigantes transnacionais do setor de tecnologia Amazon, Apple, Google e Microsoft compram o ouro ilegal da Amazônia. A participação das big techs na cadeia do garimpo ilegal de ouro seria por meio da aquisição do metal de uma refinaria italiana, que tem fornecedor na floresta amazônica. A informação está em reportagem publicada nesta segunda-feira (25) pela organização Repórter Brasil.

Segundo a reportagem, registros públicos dessas companhias citam a empresa privada italiana Chimet como fonte do ouro usado em seus produtos. Há outras 100 em sua cadeia de suprimentos. O metal é usado em pequenas quantidades em placas de circuito para artigos eletrônicos de consumo. No entanto, nenhuma delas quis comentar o caso.

E essa empresa italiana, segundo os documentos, compra milhões de dólares em ouro de uma empresa brasileira chamada CHM do Brasil. Esta, por sua vez, supostamente adquiriu o metal precioso ilegalmente de garimpeiros. Mas nega. Por meio de advogado, afirma que todo o seu ouro foi adquirido de maneira legal, e que tem documentação.

Polícia aponta contradições

Relatório da polícia citado pela reportagem, de agosto de 2021, afirma que Chimet teria comprado R$ 2,1 bilhões (US$ 385 milhões) em ouro da CHM entre 2015 e 2020. De acordo com um representante da empresa italiana, as relações comerciais com a CHM foram cortadas em outubro passado. Foi quando a polícia realizou batidas em nove estados brasileiros e no Distrito Federal, cujo alvo era a CHM e outros supostamente envolvidos no comércio ilegal de ouro. A Chimet contratou então uma auditoria de seus fornecedores em abril passado e foi novamente certificada por atender aos padrões de fornecimento responsável de ouro.

A reportagem mostra ainda que, embora afirme que atua de maneira legal e que tem documentação adequada, a versão da CHM pode não ser verdadeira. Isso porque documentos da Polícia Federal apontam que a empresa não estava registrada no Banco Central do Brasil como uma entidade legalmente autorizada a comprar e vender ouro. Tampouco aparece no diretório online do banco central essas entidades. Assim, é ilegal para qualquer pessoa, exceto mineradores e suas associações, comprar e vender ouro no Brasil sem tal registro.

Garimpo ilegal maior com Bolsonaro

A empresa alegou que não comprou ouro como instrumento financeiro e que não é necessário registro para comprar ouro como commodity. Já o Banco Central disse à Reporter Brasil que não regulamenta “operações com ouro classificado como commodity”. Em 2020, o Ministério Público Federal descobriu que esse registro é necessário para qualquer pessoa que não seja mineradora para comprar e vender ouro, independentemente de seu uso.

Para completar, segundo a reportagem, registros financeiros de transferências bancárias mostram que a CHM comprou ouro da cooperativa Cooperouri e diretamente de vários indivíduos no sul do estado do Pará, que integra a Amazônia Legal Amazônia. Essa cooperativa tem permissão para minerar em uma área próxima à reserva indígena Kayapó protegida. Mas a polícia descobriu que tanto a CHM quanto a cooperativa compraram de garimpeiros independentes, sem licença.

A mineração ilegal aumentou no Brasil desde a chegada ao poder do presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019. Com seu discurso e ações, estimula a ação de invasores e busca legalizar a mineração em terras indígenas. O garimpo ilegal leva violência, morte e doenças a esses territórios, desmata florestas e polui rios com o uso de mercúrio

Segundo o Instituto Escolhas, foram extraídas 84 toneladas de ouro ilegal só nos primeiros dois anos do governo Bolsonaro. Um aumento de 23% em relação aos dois anos anteriores, equivalente a quase metade da produção total de ouro do Brasil.

O ouro das ‘big techs’. Infográfico da Repórter Brasil

Gostou? Compartilhe:

-publicidade-

Rodrigo Rivera