Desmatamento na Amazônia cresce 29,5% em um ano, apontam dados do Inpe

A destruição na Amazônia alcançou patamar inédito nos últimos 11 anos, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta segunda-feira (18/11), pelos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes. É o pior percentual de aumento em duas décadas, com avanço de 29,5%, atingindo 9.762 km², entre 1º de agosto do ano passado e 31 de julho deste ano, na comparação com os 12 meses anteriores. Em relação a agosto de 2017 e julho de 2018, a destruição da floresta atingiu 7.536 km².
A análise preliminar do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) mostra que o avanço de 29,5% significa, em média, aumento de 1.500 km² em relação ao desmatamento que vinha sendo observado a partir de 2012. De acordo com técnicos do Inpe, se a taxa seguisse a tendência dos últimos anos, teria ficado em torno de 8.278 km².
O Inpe utiliza os sistemas Prodes e o Deter para analisar a situação do desflorestamento da Amazônia. O Deter, que fornece imagens de satélite e dados concomitantes para a fiscalização, mostrou uma perda de 6.840 km² de floresta neste intervalo, ante 4.571 km² entre agosto de 2017 e julho de 2018.

 

O Deter não serve como taxa oficial do desmatamento, mas atua como um índice do que está ocorrendo em campo. A tendência que ele aponta é confirmada depois pelo Prodes, que, por ser de maior alcance, indica números ainda mais elevados.

Ritmo do desmatamento

O monitoramento do desmatamento da Amazônia ocorre oficialmente pelo Inpe com o Prodes desde 1988, ano em que as críticas internacionais sobre a destruição da floresta começaram. A destruição na época atingia cerca de 20 mil km² por ano. A maior taxa foi registrada no primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995, quando chegou a 29,1 mil km².
A reação do governo foi aumentar a Reserva Legal — áreas na Amazônia destinadas a propriedades privadas protegidas pelo Código Florestal. A medida fez com que a área aumentasse de 50% para 80% e reduziu a taxa de desmatamento.
No começo dos anos 2000, a taxa voltou a subir. No segundo ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva alcançou um novo pico em 2004, com 27,8 mil km² de área desmatada.
O combate iniciou com uma série de ações do Ministério do Meio Ambiente, na época comandado por Marina Silva. As medidas foram o fortalecimento da fiscalização, a criação de unidades de conservação e o uso efetivo do Deter, que passou a fornecer os alertas, contribuindo com o Ibama.
O resultado foi positivo, pois, em 2012, o Prodes registrou 4,6 mil km², a menor da história. A meta estabelecida em 2009 de reduzir o desmatamento a 3,9 mil km² até 2020 parecia viável. No entanto, logo em 2013, com um novo Código Florestal menos rígido em vigor, a taxa de desmatamento da Amazônia avançou. Confira a evolução:
  • De 2012 para 2013, aumentou 28,9%
  • De 2013 para 2014, caiu 14,9%
  • De 2014 para 2015, a taxa voltou a crescer: 23,8%
  • De 2015 para 2016, subiu novamente para 27,7%
  • De 2016 para 2017, diminuiu cerca de 11,9%
  • De 2017 para 2018, cresceu 8,5%

 

Por: Catarina Loiola (Correio Braziliense)

Imagem: Vinícius Mendonça/Ibama

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Rodrigo Rivera