Vídeo mostra filhote de onça-pintada amarrado ao lado do que seria cabeça da mãe e irmão. Deputado questiona ministros sobre o que está sendo feito para apurar crime ambiental
Uma filmagem que mostra um filhote de onça-pintada, vivo, amarrado ao lado do que seriam as cabeças da sua mãe e irmão, abatidos, tem gerado revolta nas redes sociais desde o fim de semana. Organizações ambientalistas lamentaram o episódio e reforçaram a necessidade de maior rigor na legislação brasileira para punir este tipo de crime. O deputado Felipe Becari (União Brasil-SP), que é coordenador de comunicação da recém-instaurada Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, questionou os ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e Justiça e Segurança Pública (MJSP) sobre o que está sendo feito para investigar o caso.
Até o momento, ainda não se sabe onde o vídeo foi feito, mas o Instituto SOS Pantanal acredita que o crime pode ter sido registrado no bioma pantaneiro. “Pelo tamanho das onças, pelo tamanho da cabeça da onça”, explicou o biólogo Gustavo Figueirôa, que é diretor de Comunicação e Engajamento da organização, ao enfatizar que isso ainda não foi confirmado.
A ((o))eco, a Delegacia Especializada de Meio Ambiente (Dema) de Mato Grosso informou que está investigando a origem das imagens, mas esclareceu que ainda não há registro de ocorrência do crime. “Portanto, é prematuro afirmar que as imagens são em Mato Grosso, até que se tenha a confirmação do fato”, disse o órgão em nota enviada à reportagem.
Por conta do amplo compartilhamento na internet, a filmagem chegou ao conhecimento do Ibama, que também investiga o caso mesmo sem o recebimento de uma denúncia formal. Até o momento, ainda não há informações sobre o autor ou local do crime, disse o órgão a ((o))eco nesta segunda-feira (27).
Para organizações ambientalistas, esse tipo de crime, assim como a sua documentação, são reflexos de uma lei branda. “Esses criminosos se sentem à vontade, seguros para gravar esse tipo de atrocidade. Eles não têm medo porque sabem que a lei é frágil e sequer vão ter que responder por esse tipo de crime que cometeram”, disse Figueirôa.
“Precisamos pressionar a Frente Parlamentar de Proteção dos Animais para resgatar projeto de lei que aumente a pena para crimes como este”, acrescentou a Ampara Silvestre em outra publicação.
No Brasil, conforme dispõe a Lei de Crimes Ambientais, a pena para quem mata, persegue, caça, apanha, utiliza espécies da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida, é de seis meses a um ano de prisão e multa.
“Na prática, eles não passarão nenhuma noite na delegacia”, disse o analista ambiental do Ibama, Roberto Cabral, sobre o autor do vídeo que circula nas redes.
Foto: ICMBio